Descrição
A segunda edição de “Azules”, de Cristiane Grando, é um convite ao mergulho nas profundezas da palavra, da memória e das cores. Os poemas/fotografias encontram eco no cotidiano, quase um confronto entre sensações e percepções de espaços e tempos distintos, mas que se entrelaçam na lente/paleta da autora. A paisagem surge ativada pela “flâneur” ao explorar a geografia de Châtres, França, em retorno permanente ao passado em Cerquilho, Brasil, transitando por outros horizontes e saídas da América Latina. A profundidade do azul e da memória liga-se a estes retratos da natureza (a umidade, a água, a chuva…), a qual, entretanto, se encontra abalada pelas incertezas de um eu lírico que indaga sobre “o último poema”, num convite à reflexão sobre o futuro e sua possibilidade ditados pela certeza da direção do voo dos pássaros, e levantando a indagação sobre o destino do ser humano: “e nós nem sabemos/o que nos espera”. A sensibilidade das imagens advém da intensidade das cores – o dia, o pôr do sol, o “eu-gato” (“noturno”) – e contrasta com o anúncio de catástrofe iminente, talvez um lirismo manchado pela poesia tensionada (ecos de Hilda Hilst, Manuel Bandeira, Lorca etc.). A metáfora da “estrangeira no paraíso” é ensombrecida pela denúncia de uma violência contra a mulher, tingindo seus versos de um lampejo, uma memória a ser cantada e uma dose de espanto que convidam o leitor a despertar para o “Azules”.
Avaliações
Não há avaliações ainda.