Descrição
Contos
Sacro | Dione Carlos
Flutissonante | Tadeu Renato
Tapete de Música Urbana | Leo Mandi
Coronel Almeida | José Ismar Petrola
Para poder suportar | Lilian Sais
Reginaldo: O 7º | Charles Lima
www.berlin.de | Viviane de Santana
Carcaça de alma urubu não come | Tenório Rocha
O Anjo de Sant’Ana | Coronel Antônio Dentes
(Não me carregue no colo. Prefiro estar entre suas mãos, na sala de ensaio, em seu travesseiro, sobre tuas pernas, pelas ruas, em sinagogas, encruzilhadas, num museu, em praças públicas, dentro de um gravador, no meio de um terreiro, na frente de um microfone, nos pés de uma montanha, na porta de um cemitério, no centro de uma igreja, nas paredes de uma casa, em alto mar, no canto de alguma mesquita, em mesas de bar… Quando você estiver sozinho e quiser me beijar, leia-me…).
Dione Carlos
O velho Sabará arregala os olhos ao ver a cena – a intervenção do animal sobre o casco de vidro.
Depois de alguns segundos, o Velho Sabará muda sua expressão para algo mais semelhante a alguém que está intrigado com o que vê.
A garrafa escapa das patas do cachorro e ergue o bico acima da água e continua descendo e subindo as ondinhas sujas dos asfalto produzidas pelo esgoto de centro.
O cachorro a persegue, ergue as patas e as lança no pescoço de vidro da garrafa outra vez. E fica com a garrafa embaixo de suas patas sendo asfixiada pela falta de oxigênio novamente. Dessa vez deixando-a embaixo d’agua mais tempo.
O velho Sabará atravessa a rua sem prestar atenção direito em uma motocicleta que surge em alta velocidade.
Leo Mandi
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